Miraí, a doce terra da Zona da Mata




Bem-vindos a Miraí, cidade que já foi conhecida por ser o fim do ramal ferroviário que saía de Cataguases para a mesma. Mas antes de se chamar Miraí, ela era o Arraial do Brejo…

Ano de 1840. A esta terra chegaram os primeiros colonos pelo rio Fubá, atraídos pela terra fértil. Aqui plantaram milho, arroz, feijão, mandioca e tudo cresceu tão generosamente que a notícia se espalhou e, logo, muitos outros vieram também em busca desse lugar promissor.

Mais gente chegava a cada dia e doze anos após a chegada dos primeiros colonos, um grupo de fazendeiros decidiu pela criação de um vilarejo. Para isso adquiriram parte da Fazenda das Três Barras, de propriedade de Salustiano José Fernandes e sua mulher Maria Porcina do Amor Divino, e ergueram uma capela e no seu entorno criaram o Arraial do Brejo.


Com o tempo, o arraial cresceu e se desenvolveu vindo a ser distrito de Paz denominado “Santo Antonio do Muriaé”, pertencendo à Freguesia de Santa Rita de Meia Pataca (atual Cataguases – clique aqui e relembre a história deste município). No ano de 1883, o distrito foi elevado a categoria de freguesia passando a se chamar Santo Antonio de Camapuã, em referência ao Monte Camapuã, um dos cartões postais da cidade.

O nome não vingou e em 1903, por determinação da Municipal 168, aprovada pela Câmara Municipal de Cataguases, o vilarejo passou a se chamar “Mirahy”. O topônimo em tupi-guarani significa “terra molhada” ou simplesmente, “brejo”.



A estação de Mirahy em dois momentos: A primeira, por volta dos anos 50, de autoria de Guto Alcantara/Estações Ferroviárias do Brasil e em registro por volta de 2014.

Mas antes disso houve a inauguração da Estação Ferroviária da localidade pela Estrada de Ferro Cataguazes no ano de 1895. Mas consta que no mesmo ano em que o vilarejo passou a se chamar Mirahy, a estação e o ramal da Cia. ferroviária passaram para a administração da Leopoldina Railway, que operou por aqui até 1967, quando o ramal – e suas estações – foram extintas. Hoje a estação ferroviária é uma rodoviária.


Dois anos depois, a cidade já tinha um jornal próprio: O Mirahy, fundado por Alcibiades Catta Preta, um dos mais antigos periódicos de Minas Gerais. E com o passar do tempo, muitos avanços Miraí passou a ter: Serviço telefônico, luz elétrica, escolas, telégrafo…tantas melhorias que fizeram Cataguases ceder a pressão pela emancipação do distrito no ano de 1923. O distrito – rico pela fartura das lavouras de café – passou a município. 



De Cataguases, ganhou a emancipação. De Muriaé, o distrito de Dores da Vitória. A instalação oficial do município ocorreu em 27 de janeiro de 1924, sendo que sua sede municipal ganhou Foros de Cidade pela Lei Estadual nº 893, de 10 de Setembro de 1925. O município foi elevado a Sede de Comarca pelo Decreto Estadual nº 155, de 29 de Julho de 1935.

Miraí é lembrada pelo seu filho ilustre e pela fábrica de doces que leva o nome da cidade para o Brasil e quiçá, para o mundo. 


Ataulfo Alves, orgulho da cidade, nasceu nesta terra em 02 de maio de 1909. Um dos sete filhos de “Capitão” Severino, violeiro, acordeonista e repentista da Zona da Mata Mineira, fez de tudo na vida: leiteiro, condutor de bois, carregador de malas, menino de recados, engraxate, marceneiro e lavrador, ao mesmo tempo em que frequentava a escola. Aos dez anos, perdeu o pai e junto com a mãe foi morar no Centro da cidade.

Monumento em Miraí em homenagem ao filho ilustre. Acervo RdV Etc.

Com dezoito anos, foi para o Rio de Janeiro – como muitos de seus conterrâneos assim o fazem – junto com um médico da cidade e ficou como ajudante de farmácia deste trabalhando noite e dia. Aos dezenove, começou a se enveredar pelo caminho da música e daí não parou mais. 

Compôs mais de 300 músicas para muitos cantores. É considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, tendo como intérpretes importantes que fizeram versões de suas músicas Clara Nunes e os grupos Quarteto em Cy e MPB-4.

Ataulfo Alves e Roberto Carlos, no programa da Jovem Guarda. Acervo: Estação Saudade.

Quem não conhece “Amélia não tinha a menor vaidaaade…” e Na cadência do Samba? E Você passa e eu acho graça? Pois é…e aí fica a pergunta? Onde nasceu o samba? Na Bahia? No Rio? Ou em Minas?

Monumento próximo a antiga estação referente ao ilustre filho que saiu para brilhar Brasil afora.


Ataulfo Alves faleceu no Rio em 20 de abril de 1969, mas a sua história continua viva no “seu pequenino Miraí”,
 que cresceu com a fama de seus doces…Doce de Leite, Goiabada Cascão…melhor parar por aí…hehehehe.

Quer saber? Não percam tempo e visitem Miraí!

Como chegar em Miraí?

A Viação Riodoce tem saídas diárias do Rio de Janeiro para Miraí e a Paraibuna Transportes tem saídas de Muriaé e Cataguases para a cidade.


Texto de Luiz Antonio Doria.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Santa Maria Madalena, aconchegante, linda, carinhosa e deslumbrante!

Expobus: Uma exposição de encontros e reencontros

As voltas que um ônibus dá: Divisa Mangaratiba x Centro (de Angra)