Miraí, a doce terra da Zona da Mata
Bem-vindos a Miraí, cidade que já foi conhecida por ser o fim do ramal ferroviário que saía de Cataguases para a mesma. Mas antes de se chamar Miraí, ela era o Arraial do Brejo…
Ano de 1840. A esta terra chegaram os primeiros colonos pelo rio Fubá, atraídos pela terra fértil. Aqui plantaram milho, arroz, feijão, mandioca e tudo cresceu tão generosamente que a notícia se espalhou e, logo, muitos outros vieram também em busca desse lugar promissor.
Mais gente chegava a cada dia e doze anos após a chegada dos primeiros colonos, um grupo de fazendeiros decidiu pela criação de um vilarejo. Para isso adquiriram parte da Fazenda das Três Barras, de propriedade de Salustiano José Fernandes e sua mulher Maria Porcina do Amor Divino, e ergueram uma capela e no seu entorno criaram o Arraial do Brejo.
O nome não vingou e em 1903, por determinação da Municipal 168, aprovada pela Câmara Municipal de Cataguases, o vilarejo passou a se chamar “Mirahy”. O topônimo em tupi-guarani significa “terra molhada” ou simplesmente, “brejo”.
Mas antes disso houve a inauguração da Estação Ferroviária da localidade pela Estrada de Ferro Cataguazes no ano de 1895. Mas consta que no mesmo ano em que o vilarejo passou a se chamar Mirahy, a estação e o ramal da Cia. ferroviária passaram para a administração da Leopoldina Railway, que operou por aqui até 1967, quando o ramal – e suas estações – foram extintas. Hoje a estação ferroviária é uma rodoviária.A estação de Mirahy em dois momentos: A primeira, por volta dos anos 50, de autoria de Guto Alcantara/Estações Ferroviárias do Brasil e em registro por volta de 2014.
Dois anos depois, a cidade já tinha um jornal próprio: O Mirahy, fundado por Alcibiades Catta Preta, um dos mais antigos periódicos de Minas Gerais. E com o passar do tempo, muitos avanços Miraí passou a ter: Serviço telefônico, luz elétrica, escolas, telégrafo…tantas melhorias que fizeram Cataguases ceder a pressão pela emancipação do distrito no ano de 1923. O distrito – rico pela fartura das lavouras de café – passou a município.
Miraí é lembrada pelo seu filho ilustre e pela fábrica de doces que leva o nome da cidade para o Brasil e quiçá, para o mundo.
Ataulfo Alves, orgulho da cidade, nasceu nesta terra em 02 de maio de 1909. Um dos sete filhos de “Capitão” Severino, violeiro, acordeonista e repentista da Zona da Mata Mineira, fez de tudo na vida: leiteiro, condutor de bois, carregador de malas, menino de recados, engraxate, marceneiro e lavrador, ao mesmo tempo em que frequentava a escola. Aos dez anos, perdeu o pai e junto com a mãe foi morar no Centro da cidade.
Monumento em Miraí em homenagem ao filho ilustre. Acervo RdV Etc.
Com dezoito anos, foi para o Rio de Janeiro – como muitos de seus conterrâneos assim o fazem – junto com um médico da cidade e ficou como ajudante de farmácia deste trabalhando noite e dia. Aos dezenove, começou a se enveredar pelo caminho da música e daí não parou mais.
Compôs mais de 300 músicas para muitos cantores. É considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, tendo como intérpretes importantes que fizeram versões de suas músicas Clara Nunes e os grupos Quarteto em Cy e MPB-4.
Ataulfo Alves e Roberto Carlos, no programa da Jovem Guarda. Acervo: Estação Saudade.
Quem não conhece “Amélia não tinha a menor vaidaaade…” e Na cadência do Samba? E Você passa e eu acho graça? Pois é…e aí fica a pergunta? Onde nasceu o samba? Na Bahia? No Rio? Ou em Minas?
Monumento próximo a antiga estação referente ao ilustre filho que saiu para brilhar Brasil afora.
Ataulfo Alves faleceu no Rio em 20 de abril de 1969, mas a sua história continua viva no “seu pequenino Miraí”, que cresceu com a fama de seus doces…Doce de Leite, Goiabada Cascão…melhor parar por aí…hehehehe.
Quer saber? Não percam tempo e visitem Miraí!
Como chegar em Miraí?
A Viação Riodoce tem saídas diárias do Rio de Janeiro para Miraí e a Paraibuna Transportes tem saídas de Muriaé e Cataguases para a cidade.
Texto de Luiz Antonio Doria.
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