O Ramal do Matadouro de Santa Cruz
Por Luiz Antonio Doria e Mailson Antunes
Estamos em Santa Cruz, bairro localizado na região conhecida como Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. E nela temos uma curiosidade: Você sabia que aqui já teve um matadouro que atendia a demanda de todo o município do Rio quanto ao consumo de carne?
Pois é! Vamos voltar ao ano de 1774, quando foi inaugurado o Matadouro do Rio de Janeiro na Praia de Santa Luzia, ali onde hoje temos o bairro do Castelo e cujo acesso se dava pela rua que leva o nome desta, aberta a pedido do príncipe regente Dom João VI para se cumprir uma promessa: Se o pai, o Rei D. Sebastião, fosse curado de uma doença nos olhos, iria pagar uma promessa na igreja desta santa.
Em 1853, o matadouro foi transferido para o Aterrado de São Cristóvão e finalmente em 30 de dezembro de 1881, com a presença do imperador Pedro II, foi inaugurado o Matadouro de Santa Cruz. Três anos depois, no ano de 1884, foi inaugurado o ramal do Matadouro.
O ramal compreendia uma extensão de 1.700 metros da estação Santa Cruz até uma estação para transportar carnes e gado de corte nas proximidades do matadouro. O trem vinha e fazia um movimento circular em torno do matadouro e de sua estação para retornar a estação de Santa Cruz.
Anos depois, a estação passou a receber passageiros até que na década de 70 foram feitas obras em Santa Cruz. As operações deste foram definitivamente suspensos em 1974. Curiosamente, uma nova estação Matadouro foi entregue a população em 1976, mas nunca chegou a ser usada (ou se foi usada, foi por muito pouco tempo). Ao lado deste temos a Avenida Matadouro onde vemos as casas da Vila Operária, onde moravam os funcionários que trabalhavam no Matadouro Municipal.Próximo desta, vemos que o asfalto tomou conta dos trilhos. E os trilhos que restam da ligação da estação Matadouro com Santa Cruz são usados para “estacionamento” das composições da Supervia, atual operadora dos trens metropolitanos do Rio de Janeiro.
A estação do Matadouro foi tombada em 1993 pelo Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Prefeitura, mas nunca mereceu um projeto que resgatasse a sua história. Interessante destacar que a Supervia alega que sua responsabilidade termina na estação de Santa Cruz.
E assim como havia uma saída de trens de Santa Cruz para Matadouro, havia uma outra saída de Santa Cruz para Mangaratiba. Mas isso é assunto para outro post.
Até lá!
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