O trem da Mata Atlântica
Por Luiz Antonio Doria e Rodrigo Silva
Em 1928, uma linha foi aberta entre as cidades de Angra dos Reis e Barra Mansa. Era parte da linha-tronco da Rede Mineira de Viação, aberta pela Estrada de Ferro Oeste de Minas no ano de 1888 a partir de Ribeirão Vermelho.
Deste ponto em diante, a EFOM começou a executar o projeto que ligaria o Sul Goiano – a Angra dos Reis, no Sul Fluminense, mais precisamente na Costa Verde passando por Barra Mansa em bitola métrica. Mas foi somente no ano citado no início deste post que a EFOM chegou a Angra. No início dos anos 40, a EFOM – sob a batuta da RMV – chegava a Goiandira, na ponta norte do estado de Goiás.
Entre Barra Mansa e Ribeirão Vermelho a linha foi eletrificada e transportava passageiros até o início dos anos 80. Nesse mesmo período, a circulação de trens entre Barra Mansa e Angra foi suspensa. Mas em 1992, a circulação voltou com o chamado “Trem da Mata Atlântica”.
A iniciativa partiu da Rede Ferroviária Federal e empresas locais que tinha como percurso a cidade de Angra e o distrito de Lídice, no município de Rio Claro. Era um bom chamariz para a preocupação ecológica do momento.
A estação vive na imaginação dos mais antigos. E quem sabe eles compartilhem com a nova geração que por estas bandas passava o trem…
A viagem começava na estação de Angra, na Praia do Anil, e subia a Serra do Mar até Lídice (distrito de Rio Claro, RJ), atravessando 15 túneis, entre pontes, cascatas, cachoeiras e muito verde.
Em reportagem de 1979 no Jornal “O Globo” o povo pedia a volta do trem turístico. Em 40 km de percurso em altitudes que variavam de 2 a 580 m acima do nível do mar, descortinava-se a paisagem da baía da Ribeira, em Angra dos Reis.
Mas o trem durou apenas quatro anos e com a privatização da RFFSA, o sonhou acabou. Hoje apenas a placa de inauguração do serviço e os trilhos ficaram para contar a história.Em Angra, a estação foi desativada em 2011 e parte dos trilhos permanece à vista de quem passa pela via férrea, a maioria em mau estado de conservação ou de forma residual. A via é marcação de trilhas de caminhadas ecológicas e caminhos para comunidades tradicionais no local, inclusive.
Mas outra parte foi soterrada em desastres climáticos e deslizamentos de terra que marcaram os vários trechos de serra. Para quem quiser ver e apreciar mais uma vez o descaso com o patrimônio ferroviário brasileiro.
Recentemente houve uma reunião de prefeitos em torno desse assunto. Confira no link abaixo:
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