Ibirité: Da Vargem da Pantana ao pioneirismo de Helena Antipoff

Bem-vindos, viajantes a Ibirité! Distante 22km de Belo Horizonte e próximo de cidades como Contagem, Betim e Brumadinho, Ibirité tem em sua história a Estrada de Ferro e o pioneirismo de uma educadora dedicada a criança especial.

Vista panorâmica de Ibirité em 1984. Acervo IBGE.


Mas a cidade surgiu a partir do interesse de um alferes português. Voltemos a época do Primeiro Reinado, quando as terras de uma determinada localidade eram concedidas por meio de cartas de sesmaria, peticionadas ao governador de uma capitania. E esse foi o caso de Ibirité.

O alferes (uma espécie de policial da época) português Antonio Jose de Freitas recebeu de Dom Pedro I uma carta de sesmaria que do alto da serra do Rola Moça à Fazenda do Pintado e do Barreiro à cachoeira de Santa Rosa, incluindo a serra da Boa Esperança, região de Vargem do Pantana. Por estas bandas, nascia um povoado que estava subordinado a cidade de Sabará. Mas antes mesmo desse interesse por aqui passavam as entradas e bandeiras que se proliferavam pelos verdejantes campos da Capitania de Minas Gerais em busca de ouro.

Cinco famílias deram origem a Ibirité, que na época era Vargem da Pantana: Ferreira, Diniz, Pinheiro, Freitas e Campos. Em 1880, foi criado o povoado de mesmo nome na freguesia de Contagem, Município de Sabará.


Dez anos depois, o distrito foi elevado a categoria de vila e em 1897 passou a pertencer ao município de Santa Quitéria (Hoje Esmeraldas). O século XX chegou e a Vargem da Pantana se preparava para novos ares: Passaria em 1923 a pertencer a Contagem e adotaria o nome Ibiritê. Mas em 1917, a Estrada de Ferro Central do Brasil chega a Ibiritê.

No mesmo ano a linha do Paraopeba - que saía de Joaquim Murtinho, Congonhas do Campo e cujo ramal seguia o percurso do rio de mesmo nome - alcançou a cidade de Belo Horizonte. 




Curiosamente, o nome da cidade na edificação está a palavra Ibireté. A estação hoje serve como um museu ferroviário, mas o ramal funciona normalmente para trens cargueiros. 

Depois de alguns anos, com a mudança na grafia de seu nome (antes Ibiritê, hoje Ibirité) a autonomia administrativa veio em 1962, se emancipando do município de Betim. E nesse tempo de existência se destaca a figura de uma russa que veio para Minas para participar de um processo na reforma educacional brasileira.


Helena Wladimirna Antipoff (em russo Елена Владимировна Антипова; Grodno, 25 de março de 1892 – Ibirité, 9 de agosto de 1974) foi uma psicóloga e pedagoga russa que depois de obter formação universitária na Rússia, Paris e Genebra, radicou-se no Brasil a partir de 1929, a convite do governo do estado de Minas Gerais, no contexto da operacionalização da reforma de ensino conhecida como Reforma Francisco Campos-Mário Casassanta.

Com a ajuda de alguns pedagogos fundou a Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico com o objetivo de organizar  um núcleo de formação de professores e de aperfeiçoamento das técnicas de pedagogia e psicologia. Em 1932, visando aplicar os ensinamentos de Johann Heinrich Pestalozzi fundou, com a colaboração de algumas antigas alunas da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico, a primeira Sociedade Pestalozzi do Brasil, com sede em Belo Horizonte. 

Helena deixou um legado dedicado a ação social em favor das crianças e jovens desfavorecidos, em especial dos portadores de deficiência. Foi a primeira professora e fundadora da cadeira de Psicologia Educacional na Universidade de Minas Gerais. Também lutou pela criação de uma escola rural, com a finalidade de consolidar uma instituição adequada às condições sociais destas regiões.

Acervo IBGE

O resultado foi a inauguração da Fazenda do Rosário, um espaço com com cerca de 220 ha (45 alqueires de terra) onde eram ministrados cursos de treinamento de professores rurais e a Escola Sandoval Soares de Azevedo – (ESSA), visando a formação de professores rurais, em regime de internato. 

A educação ministrada na instituição, que foi crescendo e se transformou progressivamente no principal foco do trabalho de Helena Antipoff, estava centrada nas atividades agrícolas, na criação de gado e na puericultura. Foi uma experiência pioneira no Brasil e um marco na história da pedagogia, sendo a primeira vez que surgia um currículo especificamente centrado nas matérias que mais interessavam as comunidades rurais.

Helena Antipoff nos deixou em 09 de junho de 1974. Mas seu legado permanece vivo em Ibirité.

Como chegar


Para chegar a Ibirité, o primeiro passo é chegar a Belo Horizonte. Depois contar com os serviços do transporte metropolitano de Belo Horizonte (clique aqui e confira os horários).



Texto e fotos (não-creditadas no post) de Luiz Antonio Doria. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nova Iguaçu: De Maxambomba a uma "Nova Iguaçu"

Santa Maria Madalena, aconchegante, linda, carinhosa e deslumbrante!

Itamarati de Minas: A “pedra branca” das Alterosas