Viagem Cultural: Teatro Casa Grande, Rio de Janeiro (RJ)

O ano era 1966. O mundo foi marcado pela Copa do Mundo em que os ingleses venceram e Bobby Moore subiu as escadas da Tribuna Real para receber a Taça Jules Rimet das mãos da Rainha Elizabeth. 

Os Beatles revolucionavam a cultura pop com o lançamento de seu sétimo álbum, Revolver. E no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro nascia da mente de Max Haus e Moysés Ajhaenblat um café em um antigo galpão na rua Afrânio de Melo Franco. 


Mas o café fez tanto sucesso que acabou se transformando em um teatro. Com ajuda de amigos e empréstimos, o Teatro Casa Grande surge em meio a dificuldades em um bairro que, na época, ainda não era referência da sofisticação que possui hoje.

O primeiro espetáculo encenado aqui foi "Brasileiro Profissão Esperança" de Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha. Bibi Ferreira e Paulo Pontes arrasaram no palco do Casa Grande! 

Aqui também foi o palco para a resistência da cultura contra a Ditadura Militar: Em meados dos anos 1970, durante o período da ditadura, o regime militar tentou fechar o teatro, mas fracassou, pois, a classe artística se uniu à classe intelectual em um grande movimento de resistência e conseguiu manter o Casa Grande a salvo.

Lá aconteceu o primeiro ato em favor da anistia no Rio e a primeira reunião do movimento Diretas Já, bem como a fundação do Grupo Casa Grande, que organizou debates (no formato de cursos) durante a Ditadura Militar. 

No processo de Redemocratização do país, o Teatro Casa Grande foi palco de outro importante momento do país: A assinatura do ato que decretava o fim da censura no Brasil. Por essa razão, Tancredo Neves chamou o local de “Território livre da democracia no Brasil”. Frase que está estampada até hoje no salão principal do Casa Grande.

Hoje, o Teatro Casa Grande se apresenta como um dos grandes palcos da cena artística carioca e leva entretenimento e arte para diversas pessoas que frequentam o Rio de Janeiro. Em seu legado estão marcadas as presenças de grandes nomes como Nara Leão, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Elis Regina, Chico Buarque, Gal Costa, Martinho da Vila, Vinícius de Moraes, Paulinho da Viola, Ivan Lins, Novos Baianos, Baden Powell, Família Caymmi, entre outros.

O reconhecimento de toda essa trajetória se deu com o tombamento como Área de Proteção do Ambiente Cultural, pela Câmara Municipal, em 2012, e como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio de Janeiro, pela Assembleia Legislativa, em 2016. Recentemente, em 2022, recebeu mais uma honraria e foi condecorado com a placa de Patrimônio Cultural Carioca.

TEATRO CASA GRANDE

Rua Afrânio de Melo Franco nº 290 Leblon – Rio de Janeiro – RJ


Texto de Luiz Antonio Doria, com base no conteúdo do site do Teatro Casa Grande.


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